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A versão espírita da morte

Com a mediunidade, o Espiritismo nos abre uma janela pela qual espiamos o lado de lá, estando ainda bem seguros do lado de cá. Abre, também, uma porta, pela qual os que já “morreram”, os que nos antecederam na grande viagem, entram, vêm nos visitar e contam como é o “depois”, assim como Jesus ressurgiu, apareceu de novo, aos apóstolos, segundo a narrativa evangélica. Pelas manifestações mediúnicas fica evidente e comprovado que existe uma vida “eterna”: a do espírito. Que a vida material é, de fato, fugaz, instável, temporária, e a vida espiritual, imortal, duradoura, perene.

Pela mediunidade e à luz do Espiritismo, começamos a ver a morte sob outro aspecto. Morrer não é morrer, é desencarnar.

A fim de cumprir certos desígnios divinos e nos desenvolvermos intelectual e moralmente, encarnamos, ligamo-nos ao corpo em formação, numa união que começa na concepção, pelo perispírito, nosso corpo fluídico, e sob o influxo do princípio vital. Quando o corpo morrer e não puder mais nos servir para a manifestação neste mundo terreno, nossa tarefa aqui terá terminado e, então, desencarnaremos, nos desligaremos da carne. Nosso perispírito irá se desprendendo gradativamente do corpo que morreu, os laços fluídicos que a ele nos ligavam não se quebraram, mas foram se desatando, dos pés para a cabeça, sendo o cérebro o último setor a se desligar.Durante a agonia, a fase final da morte física, costuma haver uma visão panorâmica, rápida e resumida mas viva e fiel, dos pontos principais da existência terrena que está findando, do fim para o princípio, como fita de vídeo rebobinando.

Desencarnados, estaremos de volta à vida espírita nosso estado natural no plano fluídico, invisível; mas não seremos fantasma nem assombração e sim nós mesmos, com nossa individualidade, memória, aptidões, defeitos, virtudes e, também, afetos.E poderemos ressurgir, aparecer de novo aos que ficaram.Não teremos mais corpo físico de carne, ossos, músculos, nervos mas continuaremos com o perispírito, corpo de fluidos, de que fala o apóstolo Paulo: Semeia-se corpo material, ressurge corpo espiritual.Esse identificador do espírito geralmente conserva a aparência da última encarnação, já que o espírito assim se mentaliza; mais tarde, se o puder e desejar, a modificará. E também, seu instrumento de ação e de relacionamento com o plano em que estiver vivendo, na Terra ou no Além. Com um corpo assim foi que Jesus ressurgiu.Será que desencarnar dói? Não mais que as dores que usualmente sofremos neste mundo. A diferença estará nas reações pessoais ante a dor, em como a pessoa se posiciona ante o fato, seu grau de evolução para entender o processo e nele saber como agir.

O despertar no Além

Logo após a desencarnação, o espírito entra em um estado de perturbação espiritual. Fica confuso, como quem desperta de um longo sono e ainda não se habituou, de novo, ao ambiente onde se encontra, pois se acostumara às impressões pelos órgãos dos sentidos.A medida que a influência da matéria for se desfazendo, a lucidez das idéias e as lembranças do passado irão lhe voltando.Nesse processo da desencarnação e da reintegração à vida espírita, influem: o estado do corpo, o tipo de morte e o grau de evolução do desencarnante.Na morte por velhice ou doenças prolongadas, o desligamento tende a ser natural e mais fácil e a fase de perturbação poderá ser logo superada, porque a carga vital já se fora esgotando, pouco a pouco, e o espírito se preparando psicologicamente para a desencarnação, começando a se reambientar com o mundo espiritual, que, às vezes, até entrevê, pois suas percepções começam a transcender ao corpo.Nas mortes violentas ou repentinas, como nos acidentes, desastres, assassinatos ou suicídios, o rompimento dos laços fluídicos é brusco e o espírito pode sofrer com isso, a perturbação tende a ser maior. Em casos excepcionais, como o de alguns suicidas, poderá sentir- se, por algum tempo, como que “preso” ao corpo que se decompõe, o que lhe causará dolorosas impressões.De modo geral, quanto mais espiritualizado o de- sencarnante, mais facilmente se desvencilha do corpo físico já sem vida; quanto mais material e sensual, mais apegada aos sentidos tiver sido sua existência corpórea, mais difícil e demorado é o desprendimento.Para o espírito evoluído, a natural perturbação por se sentir desencarnado é menos demorada e menos dolorosa. Como vivia mais pelo espírito e para o espírito, de certa forma já se vinha libertando da matéria, antes mesmo de cessar a vida orgânica. Logo retoma a consciência de si mesmo e quase que imediatamente reconhece sua situação, vê os espíritos ao seu redor, percebe o novo ambiente em que se encontra.Para o espírito pouco evoluído, muito apegado à matéria, não habituado ao cultivo de suas faculdades espirituais, a perturbação é difícil, demorada, acompanhada de ansiedade e angústia pela incompreensão do seu novo estado, o que pode durar dias, meses e até anos.

A ajuda espiritual aos desencarnados.

Mas Deus, que tudo sabe e que, antecipadamente, sempre prevê e provê aquilo de que precisamos, também não nos falta na fase da desencarnação. Equipes espirituais de socorristas já costumam estar a postos para auxiliar, quanto possível.Amigos e familiares, que partiram antes, costumam vir receber o desencarnante e ajudá-lo na sua passagem para o outro lado da vida, o que lhe dá muita confiança, o acalma e causa, também, muita alegria pelo reencontro com os seres conhecidos e queridos.Quem apresenta problemas pessoais graves e está comprometido com espíritos inferiores, às vezes não percebe nem assimila logo essa ajuda; poderá ficar temporariamente preso, no mundo espiritual, a situações e ambientes desagradáveis e difíceis.Portanto, não obstante geralmente existir ajuda espiritual para o momento da desencarnação, a situação do desencarnante na vida espírita será boa ou má, conforme ele tenha agido em sua existência terrena.

Fonte: Na Luz da Mediunidade - Therezinha Oliveira


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