top of page

Morte ou Intervalo?


Morte não é o fim, nem um meio com o qual as pessoas desaparecem de nossas vidas. Ela surge apenas com um intervalo entre uma vida e outra. É apenas o começo de uma nova etapa, é o intervalo aonde iremos nos ausentar por alguns instantes.

Neste intervalo teremos a oportunidade de rever as cenas de nossas ultimas atuações no palco terreno, veremos que muitos personagens que dividiram este palco conosco, foram amigos de outras atuações, mas veremos também que muitos vilões não foram realmente vilões mas sim parte de um enredo que nós mesmos criamos. A morte não fechou a cortina para sempre, ela nos da à oportunidade do precioso intervalo nos proporcionando o realinhamento das ideias.

A vida na terra oferece muitas distrações nas quais nos vemos estacionando nossas aspirações na taça embriagante dos prazeres imediatos da matéria, onde o perecível toma o lugar do que é essencial a vida: o amor.

A morte surge sempre no momento certo, quando esquecemos o texto e improvisamos nossas relações esquecendo de colocar nossas verdades nelas, assim surgem as criticas e não nos vemos preparados para elas. Nosso orgulho nos cega, perdemos a noção da vida. A voz do coração parece não ecoar mais, perdemos a dimensão do palco no qual estamos atuando. Esquecemos que neste palco não entramos sós, roubamos a cena esquecendo a gentileza de dividir nossas experiências, diminuindo outros personagens que compõe a história que estamos representando, nestes momentos é que somos interrompidos de nossa atuação. O diretor espiritual, nesta grande cena que se chama vida, nos diz que nossa atuação está fugindo do roteiro e que nossa historia esta tomando um rumo incerto. Nossa fala deveria ter sido outra, o gesto impensado não permitiu que a pessoa que contracenava na mesma cena colocasse ali sua verdade e opinião a nossa intolerância não nos permitiu ouvir o que o outro tinha a dizer.

Quando esquecemos o texto da compaixão e do amor, bendito são os intervalos da morte, e louvadas sejam as cortinas que se fecham nos palcos da vida terrena nos permitindo o esquecimento da atuação anterior. E após este intervalo as cortinas se abrem novamente nos dando a oportunidade de repetir novas falas e novos gestos. Novas atrações e emoções certamente virão, pois a cada intervalo temos a oportunidade de ensaiar e preparar-nos para o novo espetáculo de uma nova existência carregando a certeza de que desta vez ouviremos a voz de Jesus, o bondoso diretor dos palcos da terra, onde aqui não imprimiremos mais as marcas da dor mas sim as do amor.

Eis que então se abrem as cortinas, ali no meio do palco estamos nós mais uma vez, e a platéia observa-nos no berço, muitos não nos reconhecem, pois o figurino agora é outro. Contudo, muitos dizem: “acho que já vi esta mesma cena anteriormente”. Mas desta vez o intervalo nos fez muito bem, ensaiamos e nos preparamos muito para nos apresentar novamente nesta nova encarnação e assim poder dizermos as nossas primeiras falas no palco da vida: Senhor o que queres que eu faça?


bottom of page